Fix a Heart - Capitulo 8

- ANNELISE? - gritei, pelo que me pareceu ser a quinta  vez naquele minuto.
- EU JÁ VOU BIEBER, DÁ PRA ESPERAR? - Anne gritou de seu quarto.
- A gente vai se atrasar! - resmunguei.
- EU NÃO PEDI PRA VOCÊ ME ESPERAR! - gritou ela. Cara, como ela me ouviu lá de cima?
- Quanto amor Anne, vou começar a achar que você está apaixonada por mim. - ri.
- Cala a boca Justin Bieber. - Anne disse, já no topo da escada. Ergui as mãos para cima, em um agradecimento exagerado, e recebi um tapa no braço por isso.
- Você não estava com pressa? Agora vamos. - Anne disse, revirando os olhos. Bufei irritado, e a segui para fora de sua casa.
O que eu faço na casa de Anne? Bem, é uma pergunta estranha se levarmos em consideração o fato de que ate quatro dias atrás nós mal nos falávamos. A questão é que eu e Anne estamos realmente levando a serio o nosso acordo de ajudar um ao outro. Desde a tarde em minha casa, nós saímos todos os dias para fazer qualquer atividade cansativa o bastante para nos deixar ocupados demais e nos fazer esquecer dos problemas. E sim, eu sei que isso não ajuda em nada, pois estamos apenas fugindo ou invés de tentar resolve-los.
- Anne? - chamei, quando estávamos dobrando a esquina, em direção ao shopping, onde nos encontraríamos Caitlin, Amy e os garotos.
- Hm?
- Isso não tá dando certo não é?
Anne me lançou um olhar aflito, e sacudiu a cabeça, em negação.
- Não, não está. - concordou ela.

Fix a Heart - Capitulo 7

Permanecemos naquele abraço por longos minutos.

Pode parecer estranho, mas eu me sentia realmente bem e de certa forma, feliz abraçando Anne, por simplesmente eu não precisar fingir estar bem para ela, por eu simplesmente poder ser o garoto cheio de problemas e confusões, o garoto inseguro, o garoto que não tinha uma razão na vida. Eu não tinha família  não tinha namorada, e meus amigos... Bem, eles eram ótimos, e sem duvidas as melhores pessoas que conheço, mas ultimamente andávamos bem distantes, e quando eles finalmente fossem para a faculdade eu sobraria. Porque eu não tinha uma razão, não tinha sonhos, não tina metas... Não tinha mais esperanças. Depois de tanto levar rasteira da vida, a gente começa a perder a capacidade de esperar por algo bom e sinceramente, eu duvido que o destino esteja reservando algo bom pra mim.

- Justin? - Anne sussurrou, e logo senti todos meus pelos da nuca se eriçarem.

- Hm? - resmunguei.

- Eu... Tô me sentindo bem. - disse ela, o tom de voz baixo.

- Eu também estou Anne. - admiti.

Annelise se afastou de mim, me deixando aflito e nervoso novamente. Ok, qual é a do meu corpo agora? Zoação com a minha cara?

- Isso não é normal. - Anne suspirou. - Justin... Nós não podemos nos envolver, você entende não entende?

- Eu sei Anne.

Fix a Heart - Capitulo 6

O dia estava lindo lá fora. Minha definição de dia perfeito. Nublado, com um vento frio e sem chances de aparecer sol. Eu poderia estar lá fora, aproveitando esse dia da melhor maneira que pudesse... Mas não. Eu estava em casa, sentado no sofá, assistindo, ou melhor, fingindo assistir a um episodio de Friends enquanto esperava Annelise falar algo. O caso é que Anne chegou aqui em casa logo após o meio dia com a desculpa de que Caitlin havia pedido a ela para passar o dia comigo a fim de me deixar longe da bebida, já que está estava ocupada e Chaz estava preso em casa devido à chegada de alguns familiares. Mas desde que ela chegara três horas atrás, não havia dito uma palavra fora a explicação sobre sua visita. O que me incomodava, devo admitir. Odiava ficar em silencio, ainda mais um silêncio tão acusador quanto esse.
- Talvez... Hm, er... Acho que precisamos conversar. - Anne disse por fim. Oh, ela ainda fala! Toda vez que ela tentava iniciar um assunto desistia. Me olhava, abria a boca afim de dizer algo, mas acabava desistindo e voltando a olhar para a TV, fixando sua atenção nas propagandas de shampoo.
- É. Nós precisamos conversar. - concordei. - Acho que adiamos essa conversa por tempo demais.
Sete dias. Exatamente sete dias desde que eu encontrara Anne naquele estado deplorável em sua casa. Nesses sete dias Anne tentara conversar comigo, de alguma forma, sobre o ocorrido. Tal conversa nunca aconteceu. Primeiramente porque nos primeiros dias eu não queria saber. Ainda estava em choque, com raiva, irritado... Não admitia que Anne pudesse fazer aquilo consigo mesma, mesmo sem saber seus motivos. E se ela acertasse uma veia? Morreria? Assim tão simples? Não, eu não admitia isso. A simples ideia de ver Anne morta me deixava com raiva. Ela não iria se matar, porque eu não deixaria.

Fix a Heart - Capitulo 5

Annelise estava deitada no piso frio, com a cabeça ao lado da privada. Os cabelos estavam bagunçados e alguns fios grudavam em sua testa, respirava devagar, como se não tivesse forças para tal ato. Estava pálida e meio doente. O cheiro do lugar explicava o estado da garota.
Ela vomitara ate não poder mais levantar.
Como se isso já não fosse ruim o suficiente, o que realmente fez meu estomago embrulhar e meu cérebro mandar ordens para que eu saísse correndo daquele quarto se devia a pequena poça de sangue acumulada embaixo do pulso direito de Anne. Pulso este que estava completamente mutilado. Uma lamina jazia jogada dentro da pia, coberta de sangue. Minha boca ficou seca. Adentrei o banheiro rapidamente, ergui Anne e a coloquei sentada na privada.
- Anne? Anne? - chamei, desesperado. Sua respiração estava falha e seu coração batia descompassado. Peguei uma toalha, molhei-a com água fria e coloquei em volta do pescoço da garota inconsciente a minha frente. Deixei-a escorada entre a parede e o armarinho enquanto procurava a maleta de primeiros socorros. Limpei os cortes do pulso de Anne e fiz um curativo. Anne suspirou e abriu os olhos lentamente, enquanto gemia de dor.
- Justin? - resmungou ela, com a voz falha e baixa. Não passava de um sussurro.
- Anne? Você está bem? Como está se sentindo? Como posso te ajudar? - as perguntas saíram velozes por meus lábios. Anne respirou fundo e enfim fixou seus olhos em mim, deixando uma lagrima cair.
- Preciso de um banho frio. - disse ela. Engoli em seco. Banho frio? Serio mesmo? Eu dar banho nela? Respira Bieber, você consegue. Assenti e a coloquei de pé. Tirei suas roupas, deixando-a apenas com as peças intimas, liguei o chuveiro e a enfiei debaixo da água corrente. Anne gemeu em protesto, mas ão tentou sair do box.
- E agora? - perguntei. Estava mais perdido que filho de puta em dia dos pais.
Anne respirou fundo e me fitou. Suas iris estavam opacas, apagadas, era como olhar para um poço vazio. E acho que ela se sentia como um poço vazio.
- Pode ir embora, eu me cuido daqui pra frente. - disse ela. Contive uma risada sarcástica.
- Pra você vomitar de novo? Pra você se cortar? Oh não, eu fico aqui. Me diga como ajudar. - falei. Annelise fez careta, mas não se opôs
- Preciso comer algo. - disse ela por fim.
- Ok. Não demore, se não eu volto aqui. E eu não to brincando. - avisei. Coloquei as roupas sujas no cesto, e olhando fixamente para Anne, joguei a lamina no lixo. Ela desviou o olhar do meu. Suspirei alto e sai do banheiro. Já na cozinha, me pus a preparar uma sopa de legumes. Anne estava fraca, precisava comer, mas nada muito forte, se não ela poderia vomitar novamente.

Fix a Heart - Capitulo 4

Ressaca.
Essa é a é a filha da puta que me persegue todos os dias. Já estava familiarizado com aquela dor, acordava com ela todos os dias. Levantei de minha cama e arrastei-me para o banheiro.Se pudesse, passaria o dia todo trancado em meu quarto.
Como se Caitlin deixasse isso acontecer.
Desde o fatídico dia de meu sumiço, ela marcara presença constante em minhas tardes para não me deixar triste. Caitlin era a melhor amiga que eu poderia ter em milênios. Ela e Chaz vinham me buscar todos os dias para sairmos e fazermos coisas divertidas, com a missão de me manter afastado das bebidas e afins. Não que adiantasse muito, é claro. Nas horas que passávamos juntos eu me sentia completamente feliz e leve. Mas então eu voltava para casa, e a realidade me dava uma rasteira e uma sequencia de chutes no estomago. Minha vida não tinha espaço para felicidade, por mais que eu tentasse evitar a tristeza, ela me perseguia como uma sombra.
Terminei meus afazeres no banheiro e me vesti. Calça jeans, camiseta preta e um all star da mesma cor. Arrumei minha cama e guardei as roupas que estavam espalhadas pelo chão no roupeiro. Enfim meu quarto estava habitável. Minha bagunça era organizada, eu conseguia me encontrar lá dentro. Mas só eu. Meu celular começou a vibrar em cima do criado mudo. SMS de Cailtin.

"Justin, passa na casa da Anne e vê como ela está? Estou no trabalho resolvendo uma emergência  e não posso ir. Por favor. Beijos."

Suspirei pesadamente. Anne era um mistério para mim, me deixava curioso, irritado, confuso... Nunca sabia o que esperar de suas atitudes, era uma garota muito imprevisível e inconstante. Enviei um "ok" para ela e sai de meu quarto. A casa estava vazia, como sempre. Meu pai estava na empresa e minha mãe estava fazendo aulas diárias com a psicologa. Mal os via durante a semana. Tranquei a casa e segui rua acima para a casa de Annelise, dando uma breve parada na Starbucks para pegar um cafe e um donut. Precisava de energia para o resto do dia.
Toquei a campainha uma vez. Anne não atendeu. Repeti o gesto mais algumas vezes. Nada ainda. Anne não estava em casa, ou então não queria atender ninguém. Peguei meu celular e liguei para Caitlin.